Brincadeiras Antigas Infantil: Redescobrindo Tesouros do Passado que Desenvolvem Corpo e Alma

Em um mundo dominado por telas e toques digitais, é fácil esquecer o poder transformador de uma corda de pular ou de um simples jogo de amarelinha. As brincadeiras antigas infantil carregam consigo mais do que diversão — elas são pontes entre gerações, despertam lembranças e fortalecem habilidades que nenhuma tecnologia pode substituir.

Longe das distrações modernas, essas brincadeiras ensinavam sem parecer lições. Crianças aprendiam a esperar a vez, a lidar com frustrações, a contar passos e pular no ritmo certo — tudo isso enquanto riam alto ao ar livre, de mãos dadas com os amigos ou descalças na calçada da rua.

Neste artigo, vamos reviver esse universo mágico, relembrar jogos que marcaram a infância de muitos e entender como cada um deles contribui para o desenvolvimento da coordenação motora das crianças. Prepare-se para sentir o cheiro da merenda na mochila e o som das vozes ecoando no quintal da avó.


O que são as brincadeiras antigas?

São atividades infantis que marcaram gerações antes da era digital. Muitas foram transmitidas oralmente entre avós, pais e filhos, fazendo parte da cultura popular brasileira. Brincadeiras como pular elástico, pular corda, jogar bolinha de gude, esconde-esconde, queimada, entre tantas outras, trazem consigo simplicidade, criatividade e movimento.

Essas atividades envolviam todo o corpo: correr, pular, equilibrar, girar. Mas não só isso — desenvolviam também noções de espaço, ritmo, estratégia e cooperação. Em tempos onde o brincar acontece cada vez mais em telas, resgatar essas práticas é quase um ato de resistência e amor.


A importância da coordenação motora no desenvolvimento infantil

A coordenação motora é a capacidade do corpo de realizar movimentos com precisão, equilíbrio e controle. Existem dois tipos principais: a coordenação motora grossa, relacionada aos movimentos maiores (correr, pular, rolar), e a coordenação motora fina, que envolve os movimentos mais delicados (pegar um lápis, amarrar o cadarço).

Durante a infância, o cérebro está em pleno desenvolvimento e cada estímulo conta. As brincadeiras antigas trabalham esse aspecto de forma natural e divertida, sem necessidade de equipamentos caros ou ambientes sofisticados. O que se precisa é espaço, criatividade — e vontade de brincar.


Brincadeiras antigas que desenvolvem a coordenação motora

1. Amarelinha

Clássico absoluto! A criança precisa equilibrar-se em um pé só, lançar e pegar objetos com precisão e manter o ritmo da sequência. Trabalha equilíbrio, controle corporal e planejamento.

2. Pular corda

Sozinho ou em grupo, a coordenação entre mãos, olhos e pés é exigida o tempo todo. Além disso, trabalha resistência física e percepção temporal — e que delícia era cantar aquelas musiquinhas enquanto pulávamos!

3. Bolinha de gude

Desenvolve a coordenação motora fina com precisão de movimentos dos dedos, além de estratégias e percepção espacial. Havia sempre aquele colega com a “bolinha leitosinha” que ninguém queria perder.

4. Pega-pega e esconde-esconde

Ambos envolvem corrida, mudanças rápidas de direção e percepção do ambiente. Trabalham reflexos, força, velocidade e consciência corporal — e ainda nos ensinavam a trabalhar em grupo e usar a criatividade para se esconder nos lugares mais inusitados.

5. Queimada

Um dos jogos mais completos. Exige correr, mirar, lançar e desviar, tudo com agilidade. Desenvolve coordenação global, força nos membros superiores e noção de espaço — além de ensinar a lidar com vitórias e derrotas.

6. Elástico

Subestimado por muitos, mas excelente para o desenvolvimento motor. Pular elástico exige ritmo, memória motora, flexibilidade e controle dos movimentos das pernas. E as coreografias? Inesquecíveis.

7. Bambolê

Girar o bambolê no quadril, no pescoço ou nos braços exige sincronia e muito controle corporal. Trabalha o equilíbrio e fortalece a musculatura do core. Quem conseguia girar mais tempo era o rei ou a rainha da rua!

8. Pular carniça

Uma fila de crianças abaixadas enquanto as outras saltam por cima. Coordenação, força nas pernas e precisão são fundamentais. E claro: confiança nos colegas também!

9. Cabo de guerra

Aqui entra a força, sim, mas também o trabalho em equipe e o controle do próprio peso corporal. Uma brincadeira simples que ensinava sobre união, estratégia e equilíbrio físico.

10. Pega-ladrão

Uma variação mais “teatral” do pega-pega. Um grupo é “da polícia”, outro “dos ladrões”. Envolve perseguições, esconderijos, mudanças de direção — ou seja, pura coordenação e estratégia em movimento.

11. Passa anel

Mais delicada, trabalha atenção, coordenação das mãos e percepção. A expectativa de adivinhar quem estava com o anel criava tensão e diversão, tudo ao mesmo tempo.

12. Corre cotia

Círculo de crianças sentadas e uma correndo em volta com um lenço. Aqui a agilidade, a velocidade de reação e o controle motor entram em ação quando a criança se dá conta que o “cotia” foi deixado atrás dela.

13. Peteca

Um jogo de origem indígena brasileira, que exige muita coordenação olho-mão e reflexo rápido. Simples, acessível e extremamente eficiente para o desenvolvimento motor.

14. Cinco Marias (ou Jogo das Pedrinhas)

Exige coordenação fina e precisão ao lançar e pegar pedrinhas no ar em sequência. É quase uma coreografia com as mãos e uma ótima atividade para desenvolver concentração.

15. Telefone sem fio

Embora pareça mais voltada à comunicação, ela também envolve postura, movimentação suave, e muita atenção auditiva e motora. O corpo e o cérebro trabalham juntos — e as risadas vinham com as mensagens mal interpretadas!


Brincar como antigamente: mais do que nostalgia, uma necessidade

Muitos pais lembram com saudade dessas brincadeiras, mas nem sempre percebem o quanto elas são úteis no desenvolvimento dos filhos hoje. Mais do que diversão, elas promovem saúde física, socialização e fortalecem vínculos familiares.

Ao propor essas brincadeiras em casa, na escola ou em espaços comunitários, estamos também oferecendo às crianças a chance de viver experiências reais, ao ar livre, com o corpo em movimento e a imaginação solta. Elas aprendem a cair e levantar, a respeitar regras, a conviver com vitórias e derrotas — lições que nenhuma tela pode ensinar com a mesma força.


Como estimular essas brincadeiras nos dias de hoje?

  • Recrie o ambiente: reserve um tempo longe das telas e proponha uma “tarde retrô” em família.
  • Use materiais simples: giz no chão, cordas, elásticos, tampinhas e bolinhas já são o suficiente.
  • Envolva os adultos: pais, tios, avós — todos podem entrar na brincadeira e tornar a experiência ainda mais rica.
  • Conte histórias: ao ensinar uma brincadeira, conte como era na sua infância. Isso cria vínculo e curiosidade nas crianças.

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Um tesouro que não pode se perder

Em um tempo onde as crianças parecem crescer mais rápido do que deveriam, redescobrir o valor das brincadeiras antigas infantil é uma forma de desacelerar — de voltar ao básico, onde o simples tem poder. O toque de uma mão amiga, a risada despretensiosa após uma queda, o olhar de cumplicidade ao brincar em roda — tudo isso constrói não só coordenação, mas memórias.

Essas brincadeiras não são apenas um resgate cultural; são pontes entre passado e presente, entre corpo e mente, entre pais e filhos. E talvez, ao ensinarmos uma criança a jogar bolinha de gude, estejamos ensinando também a olhar o mundo com mais atenção, a valorizar os pequenos momentos, e a lembrar que brincar é uma das formas mais puras de amar.

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